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08/02/2024 - 12:09

Brasil é o primeiro país a oferecer vacina da dengue na saúde pública

O aumento de casos de dengue em diversas regiões do Brasil vem despertando alerta na população. No Distrito Federal, já são mais de 46.298 casos prováveis, segundo boletim médico divulgado nesta segunda-feira (5/2), pela Secretaria de Saúde (SES-DF). Até o momento, 11 óbitos pela doença foram confirmados.

A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Entre os sintomas mais comuns estão febre alta, fortes dores de cabeça, dor no corpo (músculos e articulações), fraqueza, náusea, vômito e dores abdominais. “Durante a fase febril pode ser difícil diferenciar a dengue de outras enfermidades, especialmente devido à sobreposição de sintomas comuns a várias doenças virais, como gripe, zika, chikungunya e outras infecções febris”, orienta a farmacêutica Marina Firmino, coordenadora dos cursos Biomedicina e Farmácia EAD, no Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos (UNICEPLAC).

A professora explica que o diagnóstico é feito pelo médico com base na anamnese do paciente. “Alguns exames laboratoriais podem ajudar neste diagnóstico. A pesquisa do Antígeno NS1, que demostra a presença do vírus no sangue do paciente, é feito, geralmente, nos primeiros dias da doença, quando altas concentrações do vírus podem ser detectadas. Em seguida, temos as pesquisas dos anticorpos IgM e IgG. Estes marcadores ajudam a confirmar o diagnóstico e informam o médico sobre a fase da doença em que o paciente se encontra”, afirma a farmacêutica.  

O tratamento da dengue envolve medidas de suporte para aliviar os sintomas e complicações, recomendando-se hidratação e repouso, além de dipirona ou paracetamol para controle da dor e febre, e monitoramento dos sintomas. “Importante: não podem ser utilizados anti-inflamatórios não esteroidais, como ibuprofeno, cetoprofeno e nimesulida, pois aumenta o risco de sangramento”, alerta a professora Marina.

Para prevenção, é fundamental manter o domicílio sempre limpo e atentar ao acúmulo de água em locais abertos, evitando assim a proliferação de mosquitos.

Vacina contra a dengue

Há pouco mais de um mês, o Ministério da Saúde anunciou a incorporação da vacina contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS), que recomendou a incorporação priorizando regiões do país com maior incidência e transmissão do vírus, além de faixas etárias de maior risco de agravamento da doença. O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público e o DF está entre as unidades da Federação que serão contempladas com a primeira remessa. A imunização tem como público-alvo as crianças de 10 a 14 anos, que concentram o maior número de hospitalizações pela doença. “A vacina da dengue é extremamente eficaz para evitar a reinfecção pelo vírus porque estimula as defesas naturais do corpo humano, prevenindo assim os casos de dengue grave, com risco de hospitalização”, observa a professora.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), a Qdenga é uma vacina tetravalente que protege contra os quatro sorotipos do vírus da dengue – DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Feita com vírus vivo atenuado, ela interage com o sistema imunológico no intuito de gerar resposta semelhante àquela produzida pela infecção natural. O imunizante é indicado para pessoas de 4 a 60 anos e deve ser administrado em esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre elas, independentemente de o paciente ter tido ou não dengue previamente. Como toda vacina de vírus vivo, a Qdenga é contraindicada para gestantes e mulheres que estão amamentando, além de pessoas com imunodeficiências primárias ou adquiridas e indivíduos que tiveram reação de hipersensibilidade à dose anterior. Ao todo, a expectativa é que 6 milhões de doses serão distribuídas por todo o país.