Medicina Veterinária

16/05/2019 - 20:16

Alunos da Medicina Veterinária realizam cirurgia cardíaca em cadela

Alunos do Núcleo de Estudos de Pequenos Animais realizaram cirurgia cardíaca em cadela que corria risco de vida

Os alunos do projeto, Núcleo de Estudos de Pequenos Animais, do curso de Medicina Veterinária do UNICEPLAC, realizaram uma cirurgia torácica na Beer, cadela maltês de 1 ano, que estava correndo risco de vida. A doença que a cadela tinha era a Persistência de Ducto Arterioso (PDA), uma cardiopatia congênita.

Cardiopatia congênita

As cardiopatias congênitas se dão pela má formação do coração e/ou de grandes vasos congênitos, e constituem as principais causas de mortalidade cardíaca nos animais jovens. Elas têm origem em alguns fatores, podem ser eles, toxicológicos, nutricionais, infecciosos, ambientais e farmacológicos. A PDA é uma das anomalias cardiovasculares congênitas mais encontrada em cães, com incidência de sete a cada mil nascidos, sendo que as fêmeas têm mais predisposição à cardiopatia.

O que é a PDA

Na gestação canina, os pulmões do feto ainda estão inativos e para que ele consiga oxigênio adequadamente, a cadela passa o oxigênio através do cordão umbilical, que fica ligado à placenta do feto, à placenta da cadela e o endométrio. A aorta é ligada à artéria pulmonar por meio de um vaso conhecido como ducto arterioso, pelo qual o sangue oxigenado é desviado dos pulmões, fluindo diretamente da placenta materna para o corpo do feto.

Quando o feto nasce há expansão dos pulmões e um aumento da PO², que contribui para o fechamento do ducto arterioso e sua transformação em ligamento arterioso. O ducto pode ficar aberto nos filhotes com menos de quatro dias de idade e em geral está fechado entre sete e dez dias após o nascimento. Quando alguma coisa dá errado e o ducto não se fecha, se caracteriza a Persistência de Ducto Arterioso (PDA) ou Ducto Arterioso Patent, com a necessidade de intervenção cirúrgica rápida.

Vamos entender melhor como foi o tratamento da PDA que a Beer tinha.

No caso tratado aqui no UNICEPLAC, primeiramente foi realizado o exame ecocardiograma, com os alunos acompanhando a avaliação semiológica. Em seguida, o caso clínico foi discutido e praticado pelos alunos, com a supervisão dos professores. Com o estudo das técnicas que seriam usadas na cirurgia, a aplicação em cadáver e a avaliação de todos os complicadores para se preparar para qualquer situação. Após isso, a Beer foi encaminhada para o centro cirúrgico, onde foi delineado uma equipe com profissionais, doutores de cirurgia e clínica veterinária, alunos e a anestesista Joseane Sales, do Hospital Veterinário (HOVET).

Desta forma, foi realizado de imediato o tratamento cirúrgico na comunicação entre a aorta e a artéria tronco pulmonar para fechar o ducto. Uma cirurgia simples, porém, de grande risco, tendo em vista a possibilidade de ocorrer alguns complicadores, como, por exemplo, a hipertensão. Entretanto, a cirurgia foi um sucesso, graças a um ótimo trabalho em equipe, que envolveu cerca de 20 pessoas, entre profissionais, alunos e professores.

Participante da equipe que trabalhou na cirurgia da Beer, a aluna, Gabriela Bowen do oitavo período, contou como foi a experiência, que virará tema do seu TCC.

“Foi um imenso prazer ser escolhida para fazer parte da equipe e poder acompanhar todo o caso de perto. Foi um dia intenso, mas, que ao final, ficamos super felizes com a recuperação da Beer. Ver a alegria da família e o animal bem é muito gratificante.”

No pós-cirúrgico foi feito o monitoramento de emergência, durante 24h, totalizando 40 horas entre todos os procedimentos. Após todos os procedimentos e a retirada dos pontos, que ocorreu no dia 10 de maio, a mamãe da Beer, senhora Linda Mackenz agradeceu toda a assistência prestada pelo UNICEPLAC.

                         “Estou sem palavras para explicar todo o cuidado que a Beer teve aqui no HOVET, desde a atenção dos alunos e de toda a equipe, até o cuidado com os sinais clínicos e bem-estar”.

Fique atento

Você, que tem cachorro, deve ficar atento, pois o tratamento medicamentoso para PDA não é curativo, sendo a correção cirúrgica recomendada em todos os casos, com desvio da esquerda para a direita, em animais com menos de 2 anos ou com mínimos riscos anestésicos.


Equipe Cirúrgica 

Professor Cirurgião: 
Guilherme Kanciukaitis

Anestesista:
Med. Vet. Josiane Almeida Sales

Professora Clínica Médica:
Fabiana Volkweis

Alunos do 7º e 9º período do UNICEPLAC: - Augusto Stefan

- Bruna Ros 

- Gabriela Bowen

- Jacqueline Souza

- Mario Roberto

- Murilo Oliveira